Obrigatória no ensino médio há quatro anos, disciplina não
desperta interesse nos estudantes. Filósofos tentam encontrar solução
para mudar esse quadro.
Por: Célio Yano
Publicado em 29/11/2012
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Atualizado em 29/11/2012
Sala de aula vazia. Tornar a filosofia interessante para
alunos de ensino médio é o grande desafio dos professores da área.
(foto: Tiffany Szerpicki/ Sxc.hu)
Filósofos têm usado uma expressão bastante popular para definir a
decisão do Ministério da Educação de instituir, em 2008, a
obrigatoriedade do ensino de filosofia para alunos de nível médio. A
medida, que, por um lado, é vista como positiva, por outro, teria sido
‘enfiada goela abaixo’, uma vez que não foi precedida de iniciativas que
permitissem sua aplicação de modo eficiente.
Filósofos de todo o país defendem a criação de linhas de pesquisa e até
programas de pós-graduação específicos para o desenvolvimento do ensino
nas escolas
Tanto é que quatro anos depois da sanção da lei 11.684/2008,
que inclui a disciplina de filosofia – além da de sociologia – no
currículo do ensino médio, grande parte dos professores está
despreparada para lidar com a matéria, constatam os pesquisadores da
área. Diante do problema, filósofos de todo o país defendem a criação de
linhas de pesquisa e até programas de pós-graduação específicos para o
desenvolvimento do ensino nas escolas.
Na Associação Nacional de Pós-graduação em Filosofia (Anpof), o tema ganha cada vez mais espaço. No último encontro nacional da entidade, realizado no fim de outubro em Curitiba, um conjunto inédito de eventos paralelos foi organizado para discutir os problemas e as possíveis soluções envolvidas com a questão.
Para Patrícia Velasco, da Universidade Federal do ABC (UFABC), o
primeiro ponto a se refletir é que, apesar de ter relação com a área de
educação, o ensino de filosofia deveria ser objeto de estudo por parte
de filósofos. “Hoje, o professor que pretende se especializar tem de
recorrer a programas de pós-graduação na área de educação”, lembrou,
durante o encontro da Anpof.
“Acredito que há pressupostos filosóficos no ensino de filosofia,
como a própria identidade da filosofia”, disse. “Diferentes respostas
geram diferentes métodos de ensino.” Daí viria a necessidade de criação
de programas de pós-graduação, em filosofia, voltados para a pesquisa
sobre ensino, o que ainda não existe no Brasil.
Embora não seja consensual, muitos pesquisadores defendem a criação
de mestrados profissionais em filosofia para aprimorar a formação de
professores de educação básica. O modelo seria o mesmo do Profmat, programa de especialização financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) para professores de matemática da rede pública.